pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: junho 2009

domingo, 28 de junho de 2009

What happened to Camarate?



O atentado


Com o tempo, quase esquecemos outros casos intoleráveis de impunidade.

A certeza cristalina que nos postou num dos lados da barricada não se desvanece, mas está perto de ficar arrecadada num arquivo nostálgico de indignações assépticas.

É como reencontrar aqueles antigos namorados de má memória, cujas malfeitorias já nem recordamos e com quem ficamos, mais do que a rememorar, a comemorar imbecilmente.

Trinta anos depois, pomos futilmente as arrecadas e concedemos-lhes, frívolas, a absolvição da deslembrança.


Ao contrário do que dizem, isto é muito mau sinal.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Twenty two, eighty sevens



TODAY!


Go along, die hard, be wise, be you.






Heritage
Motherhood
Hidden bounds
Star coincidences

Foolish, dizzy thoughts

Hopeful teaser




As vinhas da ira



«Recebi menos do que esperava»








« : talvez esperasse mais do que lhe era devido.»

«Este capricho é um dos mais temíveis, pois dele nascem as iras mais perniciosas e mais capazes de atentar contra as coisas mais sagradas.»

Séneca

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Estou assim



Mary Waters



«Mas a Razão, que a luta vence, enfim,
Não creio que é Razão; mas há-de ser
Inclinação que eu tenho contra mim»

Blogómetro




Charla de verão que se solta é explosiva



domingo, 14 de junho de 2009

Quase All of Him





Espero que não tenham perdido, no CCB, segunda feira passada.
Um swing inebriante, num virtuosismo disciplinado e cheio de sentimento.

Laurent Filipe, 30 anos de carreira.
Um espectáculo inesquecível, mas sobretudo, muito trabalho, rigor e racionalidade à flor da pele.

Entre muitos outros, com o inevitável Pedro Sarmiento ao piano.

Paris, Brasil, USA, Lisboa.
Mas as raízes beirãs estão lá, numa recuada tradição familiar de vencedores, que só sucumbiu à inspiração artística quando a geração das 7 partidas já havia experimentado tudo.
Chegou agora a vez da colheita de 60.

Um grande músico.

sábado, 13 de junho de 2009

Political Stars não nascem do nada


José Manuel Durão Barroso


Manuela Ferreira Leite nunca lhe perdoou o abandono.

Já aí se percebia de que massa ela era feita, a tal mulher que jamais atiraria com a toalha ao chão.

Pessoalmente, nunca vi Durão Barroso na perspectiva redutora de chefe de um partido e de (eficaz) líder da oposição, em momentos especialmente difíceis.
Em política, tenho tendência a focar-me na pessoa, mais do que na sua circunstância.
Procuro sempre um pormenor empático para ponto de partida, e não nego que estes detalhes me agradavam sobremaneira. Afinidades remotas, mas que eram apenas um princípio de interpretação.


Depois, tenho muitíssimo boa memória.
Lembro-me dele em Genebra no Institut Européen, e de uma entrevista bem humorada que a mulher dava a certa altura a uma revista feminina bem cotada, em que relatava o seu dia-a-dia, o trabalho académico de ambos, as limitações financeiras e as boleias que apanhava para a faculdade com a mulher-a-dias.


Também me lembro bem da facção que encabeçou no seio do PSD contra Fernando Nogueira, para quem iam as minhas preferências de mera observadora. Perdeu muito bem – retenho isso como se fosse hoje.
Já então se intuía nele uma fibra bem diferente dos outros candidatos ao poder. Adivinhava-se um homem experiente e de horizontes mais largos, pouco atreito a jogos inúteis, que perseguia o essencial.
Não tinha o vício dos holofotes e, sobretudo, não demolia à toa.

Claro como água, quanto a estes aspectos.

Por questões de trabalho conheci-o bem antes daqueles episódios que antecederam a sua subida ao poder no PSD.
Corria o ano de 1991 e era ele Secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação. Aquilo que fixei, em vários momentos, foi a sua extrema capacidade de trabalho, a implícita (mas evidente) cultura de juspublicista – autêntica raridade num executivo… –, o ânimo construtivo, a pedagogia permanente da acção - de onde sobressaía um lúcido sentido de equipa -, a genuína bonomia e a ausência de quaisquer laivos de ostentação hierárquica ou tentação de estrelato.
Nada que impedisse o World Economic Forum de antever nele um global leader for tomorrow e um political star.

Para mim, que não era caloira nestas task forces nem me deslumbrei jamais à vista do manto do poder (devo confessar que, muito pelo contrário, estes cenários acordaram sempre o meu lado falsamente morigerado de Mafaldinha), ficou-me a demonstração do puro exemplo prático da good governance.

De tão estranha que era no meio, nunca mais esqueci.

Os portugueses, sempre pequeninos, não suportam que um indígena consiga ser maior do que eles.

Alteralidades ao poder



Piratpartiet


Destes aqui gostei!
O Partido Pirata Sueco somou mais de 7% dos votos para o PE e conseguiu eleger um deputado.
Desideologização do sistema?
Efeitos do pós-criticismo?
Individualismo libertário?

Daqui por uns anos acharemos isto ridículo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Às arrecuas




Preparemo-nos.
Sob a declamação estentória de não abdicar do rumo traçado, os Forcados Amadores de S. Bento e o seu cabo da cara, José Sócrates, realinham-se e recuam contra a trincheira.
Não calcularam bem a força do bicho e foram às tábuas.

O respeito pelo toiro é muito bonito...

(Da tauromaquia para a vida real, só há uma diferença assinalável: a honra).

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Paulo Rangel



Bravissimo!

Paulo Rangel não é o homem providencial.
É simplesmente um homem com qualidades, muitas qualidades.
Aquelas que são imprescindíveis à res publica e que há muito pareciam ter-se eclipsado das hostes desta bancada de S. Bento.

A sua vitória teve um sabor indizível a frescura.
E fez-nos respirar de alívio, porque a falta de ar era muita.

Sim, certamente que os resultados dependeram em muito dos seus dotes pessoais.
Mas nada mais fizeram do que confirmar o sentido estratégico de Manuela Ferreira Leite.
Porque também eu aprecio - e muito - Marques Mendes. Mas subscrevo em absoluto o feeling da líder do PSD, ao perceber que nada poderia ser pior do que tirar da bainha as armas desgastadas de sempre. Isso seria dar aos adversários, de bandeja, a garantida eficácia da contra-propaganda.

- Agora?
Acho que ninguém sabe ao certo.

Mas não alinho na onda catastrófica que augura um insuperável impasse (quase sempre na tentativa de arranjar uma 2ª volta para a prova da falta de visão de MFL, ou de evidenciar que o PSD é um verdadeiro deserto de recursos humanos e valores seguros).

Manuela Ferreira Leite será, como sempre, discretíssima e, acima de tudo, permanecerá imune ao mesquinho brouhaha nacional.
Não resisto a dizer que isto é mesmo coisa de mulher...
Neste aspecto, o sexo fraco pode ser terrivelmente incondicionável, qualquer que seja o estilo: delico-doce ou belicoso.

Certo mesmo é que gente capaz não falta.
Não estão em bicos de pés, é verdade.
Mas isso rima na perfeição com Manuela.

O PSD precisa de convencer essa gente a aparecer.
E o primeiro teste será a composição das listas para a AR.

Talvez haja pouco tempo, ou talvez não.
Se os canitos em pele de lobo, esfomeados, forem neutralizados, pode não demorar muito.
E então, acredito que vamos ter muitas surpresas.

Assim ela consiga castrar todas essas sub-espécies de social-democratas, uns verdadeiros empatas, garanhões do vazio e do nada.
(Seria uma verdadeira resposta em espécie, completamente merecida).

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Manuela Ferreira Leite


Inabalável


Sempre soube que ela agregaria o melhor do PSD, formal ou informal
Sempre tive a certeza que, ou era ela, ou então os eleitores, que não são parvos, não se reconheceriam em oportunistas clonados de José Sócrates.
Nunca duvidei, por um segundo, que ela estivesse à altura da situação nacional.
Duvidei, sim, que os outros, lá dentro, estivessem à altura dela.

Teve tudo contra si:

É Mulher e Avó
Não exterioriza, não seduz, não pestaneja
Tem um forte sentido ético
Não serve interesses nem busca benesses
Detesta holofotes e culto de imagem
Não aceita cortejos
Não corre atrás do poder
Fala verdade
É quase imbatível em experiência e desgaste governativo
E possui uma chama, inimitável, raríssima em política nos dias actuais: serve o seu partido e é por ele que luta, contra os que se servem dele.

Teve isto tudo contra si e ainda o azar de liderar um partido minado pela mediocridade, nas cinzas de tempos maiores e de melhores pessoas, entregue aos caçadores de fortuna e a actores de terceiríssima categoria.

Mesmo assim, conseguiu.
Tudo se deve a ela.

E para o que se segue não podia haver melhor.

Respirar





Não houve praia.
O tempo estava circunspecto, sóbrio, grave, lunar.

Exactamente como ela.

Ao fim da tarde, a lua sorria.
E saiu, devagarinho, estável e constante, para nos destapar por uns momentos o sol, embatucado.

Recobrámos sentidos.
E fomos ao cabo do mundo espreitar o futuro.

domingo, 7 de junho de 2009

Da liberdade


O que é preciso é viver, não é saber viver


Dou por mim a pensar que nunca me abstive na vida, no que quer que seja.
Sou de causas e de afrontamentos, se for preciso.
Mas sei há muito tempo que isto não é um preceito da boa vida.

Avisei os que têm de me ouvir e de me ver agir.
Os que têm por destino partilhar comigo o mesmo tecto, a mesma vida e o mesmo ADN.
Nada melhor do que explicar muito bem o modelo (percebendo que se é, fatalmente, um modelo) e dar a entender que há opções, porque isso estimula a empatia e sobretudo a racionalidade.

Os anos arrefeceram-me, é certo. Provaram-me que não há bons e maus e adoçaram-me as certezas, transformando-as em convicções. Pelo caminho, aprendi que a melhor coragem é a dos que têm consciência do risco, que a verticalidade não precisa de espalhafato e que a discrição não é cobardia, é apenas uma maneira de exteriorizarmos o respeito pelos outros, que não diminui a credibilidade da nossa determinação.
Mas não há nada que tenha conseguido refrear-me o instinto irreprimível de escolher.
Nunca serei neutral, ainda que isso me custe, às vezes, a própria amizade de alguns e sobretudo a compreensão dos próximos.
É. Os tontos tendem a confundir o manifesto com declaração de culpas, senão mesmo com ingenuidade e vistas curtas. Mas esquecem-se de que o defeito de nos atravessarmos também é um poder.
Pois é, essa fraqueza dá-nos com a outra mão uma oportunidade de soberania, um pretexto para possuir um domínio inestimável sobre os outros e sobre nós próprios: a aptidão, necessária e imprescindível, para fundamentar. E a competência para organizar ideias .
Quando assim é, raramente encontramos preparados os que vão pela neutralidade.

Cogito, ergo eligo.

Escolher é o preço de sermos livres.
Não vale de nada ser neutral.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Destruir Coimbra




A "mão oculta" nunca esteve tão activa.

Quando estas coisas acontecem, e estas, e estas, e ainda estas, destruindo obsessivamente o trabalho aturado de pessoas excepcionais que permitiram colocar Portugal na linha da frente em áreas de forte competitividade;
Quando a liderança dos serviços da Administração Pública é entregue a gente que tem por único engenho romper a malha do anonimato a que os seus parcos méritos condenariam.
Quando o regime prefere serventuários a pessoas aptas, autónomas e soberanas na sua profissão;
Quando um desqualificado revanchista se permite invocar políticas de progresso para Portugal e não consegue discernir um cluster de excelência de uma loja de fatos em Beverly Hills, gerindo o país como quem experimenta um alfaiate diferente;

Perguntamo-nos até quando durará a pusilânime passividade dos portugueses;
Perguntamo-nos onde estará a garra dos que, nos idos de 75-80, nas mesmíssimas paragens, cerraram fileiras contra a gestão cega dos iluminados anti-fascistas;

E espantamo-nos que, contra esta mão oculta que atravessa, nunca tão assanhada, a sociedade portuguesa, ninguém se lembre da desobediência civil.