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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Hello, wise season




Há um teste fatal para que nunca consigo preparar-me em cada ano.

Terá sido sempre assim desde que me lembro. Volto forçada ao princípio de uma qualquer escala de esforço que a natureza me impõe, inexorável. E comporto-me como um animal vitimizado às mãos de um erro grosseiro do biólogo-mor.

É a mesma coisa a cada fim de verão: vem este esbulho violento, esta perda, esta ameaça de tempo minguante; o frio e o escuro, castradores e malditos; e uma tristeza pesada, intrusa e insidiosa.

Não me conformo nunca. É o termo gratuito de um ciclo feliz.

Feito de claridade, ar livre, quentura e generosidade; e água, muita água, azul e envolvente, contida nos limites da crosta terrestre, e não vinda de cima, aos jorros, pegajosa, hostil, desorganizadora.

Bem sei que também há o outro lado, que é gozar um bom livro; ou deslizar para uma boa cavaqueira debaixo do feitiço do lume na lareira; beber um chá qualquer (que é quase nunca, hélas, um Mariage Frères); e trincar irresponsavelmente uns bolinhos de canela de Santa Clara a Velha.

Mas são tudo remendos. Consolos substitutos.

Que nos desvitalizam e contaminam, malvadamente, de doença calórica...


O Inverno castiga-nos.

O Verão merece-nos.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Carlos Encarnação ou a a vitória das virtudes esquecidas



A coligação Por Coimbra venceu.

Nem as cisões internas e os ódios de estimação, a contra- campanha montada ao milímetro, ou o lobby das negociatas vergaram a força da autenticidade de Carlos Encarnação: - competente, discreto, curialíssimo, atento, hábil e resistente.

Pelo bom governo da cidade, sem outros interesses que não sejam os colectivos.
E de mãos limpas.

Foi obra.

Com uma equipa nova de gente com estatura que não vai buscar o ser à política (e muito menos o ter), merece bem continuar os seus projectos.
Mas também para provar ainda alguma coisa, conseguindo chegar ao que não teve tempo de fazer, isto é:
- à cultura e ao cosmopolitismo perdidos (ou definitivamente comprometidos) durante a interminável década socialista que imobilizou Coimbra. E que legou aos sucessores um burgo selvagem convertido num tabuleiro de xadrez de construtores civis e de gente sem mundo.

Depois de dois mandatos a empreender a hercúlea tarefa de refazer as fundações físicas da cidade, chegou a hora de reconstruir os alicerces mentais e as janelas grandes sobre o mundo que Coimbra sempre rasgou.

Cuidar do espírito, inquietar, hospedar luxuosamente aqueles que reflectem e que criam, são missões que a cidade tem de retomar urgentemente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Musts Eleitorais: Paulo Mota Pinto





Eis uma boa novidade que nos caiu ao colo.
A moribunda roda da fortuna política precisa de gente assim, que vem para nos dar e não para nos tirar.

- Ring a bell? Política como serviço?

Bem sei que ele disse que quando achasse que nada mais tinha a prestar, pegava nas chaves do carro com a mesma liberdade com que as pousara, e ia embora.

Pudera. Chega a parecer bizarro nos tempos chafurdosos de agora.

É claro que o Paulo Mota Pinto tem muitas outras coisas a reclamá-lo.
Mas espero sinceramente que entenda o quanto precisamos dele, mais do que nunca.

Aquilo que o chamou continua vivo. E em aberto.

Resultados eleitorais são minutos.