pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Da liberdade

domingo, 7 de junho de 2009

Da liberdade


O que é preciso é viver, não é saber viver


Dou por mim a pensar que nunca me abstive na vida, no que quer que seja.
Sou de causas e de afrontamentos, se for preciso.
Mas sei há muito tempo que isto não é um preceito da boa vida.

Avisei os que têm de me ouvir e de me ver agir.
Os que têm por destino partilhar comigo o mesmo tecto, a mesma vida e o mesmo ADN.
Nada melhor do que explicar muito bem o modelo (percebendo que se é, fatalmente, um modelo) e dar a entender que há opções, porque isso estimula a empatia e sobretudo a racionalidade.

Os anos arrefeceram-me, é certo. Provaram-me que não há bons e maus e adoçaram-me as certezas, transformando-as em convicções. Pelo caminho, aprendi que a melhor coragem é a dos que têm consciência do risco, que a verticalidade não precisa de espalhafato e que a discrição não é cobardia, é apenas uma maneira de exteriorizarmos o respeito pelos outros, que não diminui a credibilidade da nossa determinação.
Mas não há nada que tenha conseguido refrear-me o instinto irreprimível de escolher.
Nunca serei neutral, ainda que isso me custe, às vezes, a própria amizade de alguns e sobretudo a compreensão dos próximos.
É. Os tontos tendem a confundir o manifesto com declaração de culpas, senão mesmo com ingenuidade e vistas curtas. Mas esquecem-se de que o defeito de nos atravessarmos também é um poder.
Pois é, essa fraqueza dá-nos com a outra mão uma oportunidade de soberania, um pretexto para possuir um domínio inestimável sobre os outros e sobre nós próprios: a aptidão, necessária e imprescindível, para fundamentar. E a competência para organizar ideias .
Quando assim é, raramente encontramos preparados os que vão pela neutralidade.

Cogito, ergo eligo.

Escolher é o preço de sermos livres.
Não vale de nada ser neutral.