pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: agosto 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Rita Ferro: era limpinho!


Confesso que não sou aficionada da sua literatura.
Mas é por estas e outras que lhe reconheço o raríssimo dom do espírito, genuíno e frontal.
(elaborado na percepção, mas verdadeiramente nas tintas para se exprimir em pastiches patéticos de génio literário).
Isto, sim, é de família. Porque tem uma  irresistível graça...

Dava-lhe um murro, pois!!! Quoi d'autre?!



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

(My) Serial Killers



Todos temos um tipo diferente.
Os meus são normalmente abundantemente fadados pela mãe-natureza (não seria forçoso... só que é assim, de facto).
Mas, contrariamente à maioria de todos aqueles que o são, trazem consigo ainda outros dons inimagináveis, que perfazem a chave da rendição e os tornam, simplesmente, únicos.
Aqui, a lei, verdadeiramente, é a da improbabilidade.
Juntam à perfeição estética uma cabeça fora do comum, que os habilita a um podium de singularidade. Têm um forte instinto prático, e garra, e empatia. E ainda acrescem algo de verdadeiramente essencial: a capacidade de ser normais e de não exigirem tributos à sua pessoa. Para cúmulo, conseguem até o prodigioso requinte de ser sensatos.
- Sufocante, não é?
Digam...  tamanho apuro não é deste mundo!
Só que está ali e não é miragem, porque viramos costas e ele reaparece de frente, não dá para duvidar que existe, em carne e osso. Tocamos com o dedo e não sentimos vazio...

A asfixia é fatal, portanto:
- o cérebro luta em desespero contra a anóxia, ainda a tempo da percepção da derrota,  improrrogável; 
- ensaia-se a fuga a sete pés do campo de batalha, que porém não arranca e nos deixa especados, colados e pregados no sítio magnético em que nos detivemos (o alvo).  
Em suma: queremos o tiro. Que venha, bem no centro anatómico do cardio, para acabar com aquilo depressa e sem alarde. 
E a bala que não vem... 
Ora se ensaia, ora recua. Ora parece um fuso artesanal, ora parece uma bola de canhão.

No fim de tudo - mortos e já de volta - , percebemos enfim o nonsense disto tudo:-  nenhum ser perfeito quereria matar-nos.
É tudo fantasia. Aquilo não existe...
A lei é sempre a mesma... a da probabilidade.
Não há diferença alguma!  Estes aqui são só mais empenhados...

... e eficazes, porque morremos sempre!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Eyes wide opened




Eis Agosto! O meu separador anual…
Entre Agosto e Setembro nunca sei qual prefiro. Mas estes são, em definitivo, os meus meses.
Em Agosto: livre, verdadeiramente livre, sem os pesos, as fronteiras, os traços contínuos, os bloqueadores de velocidade desta vida. Tranquilamente livre e minha senhora de mim, parafraseando Teresa Horta – e sem mais afinidades além do que a expressão que lhe roubo.
O Tempo é meu, a vida é minha, não há âncoras – entre as que são doces e as que são amargas -, que nos puxem para o fundo, forçando a paragem. O porto seguro somos nós, e essa fateixa é leve como o vento, tão anatómica como um colchão de penas.
Tranquilamente livres e de novo singulares para tudo: até para rever (em alta) as nossas decisões.
Faço aquilo, não faço; vou-me embora, não vou; corto o cordão dos filhos, não corto; será Porto, ou Lisboa; será sul, será norte; espelho meu, minha bússola, diz-me se no mundo há alguém mais corajoso do que eu (que eu quero conhecer!)

Em Setembro: aqui, o verão ainda não nos abandonou. E ao reino da água, que nos preencheu os dias (a minha água), sucede uma pulsão qualquer, telúrica, que nos devolve à terra, acordados à força, não sei por quê – ignoro -, talvez por uma energia parecida com os cheiros explosivos da flora toda em mudança. Há uma glória no ar, um rasgo génico, e a lucidez tremenda que nos serenou Agosto dá lugar a um irresistível impulso de fazer, no matter how, it only matters now.
Setembro é bom, é muito bom!

Talvez seja o eco ancestral de um tempo de vindimas, de um São Miguel de contas ajustadas, que bom é receber! E planear, e investir, e acreditar. Fica-se assim, um bocadinho parvo e imparável… Sem pensar nas armadilhas do depois, inverno adentro, quando nos roubarem as delícias do bom tempo e soubermos por fim a terrível verdade das verdades:
Teremos nós, ou não, obedecido à bússola; condenado à morte os receios atávicos; e entrado no futuro sem repetir os erros, sem arranjar presas que não queremos, sem criar mais do mesmo.