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QUARTIER LATIN: março 2010
... o meu lugar ideal é no Quartier Latin, sentada, ao som de Brel, à conversa com Joyce que rabisca o Finnegans Wake e promete convencer Modigliani a pintar-me…
José Pedro Aguiar-Branco, como muitos outros, passou por Coimbra. Mas criou laços.
E cá veio ontem, aqui onde se elegeram 5 delegados ao congresso, quatro por Paulo Rangel e um por Pedro Passos Coelho.
Diga-se que em Coimbra tudo é sempre curioso e fora da norma, para o melhor e para o pior...
Neste caso, a assistência era eclética – representativamente falando – mas muito atenta. E talvez por isso o ambiente fosse muito consciencioso (o ideal, quando se trata de receber alguém como ele e nas circunstâncias que o rodeiam).
Ao contrário de outros candidatos, José Pedro Aguiar Branco ganha imenso em ser ouvido em pessoa, sem os media de permeio e (sobretudo), sem os efeitos especiais do marketing político e o catalisador da máquina partidária que, de resto, não tem.
Eu já não precisava de ser convencida, mas só tive razões para confirmar o meu instinto.
Com ele não há um deslize, não há uma inconsistência, não há uma nota fora de tom. Simplesmente porque não pode haver disso quando se é genuíno e naturalmente frontal, sem excessos nem afectações.
Tudo bate certo com a maior facilidade. Tem uma craveira intelectual incontestável, ideias claríssimas, propostas sustentadas, energia e uma noção exacta de como estamos e do que nos espera.
Como dizia um ilustre histórico do PSD ao lado de quem eu estava, grande conhecedor da natureza humana e proverbial sintetizador, o José Pedro Aguiar Branco ‘tem alma’.
Ora isto está longe de ser um lugar comum, num político. É sinónimo de coisas raras como autenticidade, ressonância, energia inspiradora. A alma, sim. A alma de que os portugueses precisam antes mesmo de se levantarem do chão.
Será que poderemos dizer isto dos outros candidatos?
Vim de lá com a mesma surpreendente esperança que alimento de há muito pouco tempo a esta parte: a de que um PSD sadio possa voltar a aparecer por aí, um dia destes.
E vim de lá ainda com uma certeza absoluta: é que este ‘património’ humano que se chama José Pedro Aguiar Branco não pode perder-se de maneira nenhuma.
Que grande sorte seria tê-lo como primeiro-ministro de Portugal.
A política é autónoma da ética e a ética é autónoma da política
Paulo Rangel
Tão pouco tempo depois, mas consumadas já inúmeras consequências, que interessante é voltar a esta notíciaagora...E cotejar cada citação (é anotar).
Para mim, o detonador soou ao retardador, é verdade, mas foi este mesmo.
E o instantâneo disparou em simultâneo sobre as duas figuras do cenário.
De um lado, a descoroçoante revelação de um homem sem palavra, em cujos padrões de conduta eu me julgava rever, incluindo a obrigação de lealdade que caracteriza a gente a que pertenço.
Do outro lado, a constatação flagrante de um homem com coluna vertebral, constitucionalmente recto, a quem 30 anos de vida política (além da outra) não conseguiram entortar.
Posto que em matérias de estatura intelectual nada os distingue, entre o mais vale quebrar do que torcer de um (tiraram notas?) e de outro, vai um mar de distância.
E eu prefiro alguém que não torce nem enquanto homem nem enquanto político.
Ouvi dizer que aprovaram para aí uma cláusula qualquer de silêncio.
-Foi mesmo?
Delicioso, então toca a falar!
E a falar sobre um case-study de transparência democrática.
Por exemplo, a máquina eleitoral posta ao serviço de Pedro Passos Coelho.
-Quem financia isto que aqui vemos (e o mais que não vemos)?
-Quem são estes benfeitores que não dão a cara?
-Isto é normal?
Claro que não é normal, mas lembra qualquer coisa, é verdade... Lembra o Portugal que temos, o do PS. E lembra aquele particular tipo de limpidez praticado na vida pública pelo nosso PM.
Nesse tal encontro deste fim de semana, lá pelas coutadas do Senhor D. João V, o que esteve verdadeiramente em causa não foram pessoas nem projectos, foram clientelas. E é por isso que José Pedro Aguiar Branco, sendo indiscutivelmente o melhor de todos os candidatos, encontra tantos ouvidos surdos.
Naquela assistência desatenta ao essencial, quase não há gente livre. Há cortes.
Há pessoas que não pensam nem com a cabeça, nem com o coração (desinteressadamente). Pensam, isso sim, com o estômago. E é com o seu próprio estômago - entenda-se.
Nem sequer é com o dos portugueses.
A força de José Pedro Aguiar Branco, o seu ponto forte, acaba assim por ser o seu ponto fraco: a exemplaridade, a tantos níveis; e a incorruptibilidade.
- Ora! Mas afinal interessa alguma coisa ter um bom exemplo ao leme do País?
Pobres sequiosos das migalhas do poder... ainda não entenderam que deve começar-se exactamente por aí!
Isto, claro, se quiserem lá durar por mais tempo do que uma dobra do carrilhão de Mafra.
E se quiserem ter um governo realmente capaz de fazer crescer os melões que tanto ambicionam dividir.
O Paulo Rangel tenta colar a candidatura de José Pedro Aguiar-Branco à de Pedro Passos Coelho, sabendo que tocará num ponto sensível do potencial eleitorado do primeiro (ou seja, de todos aqueles a quem PPC não convence).
Mas olhe que não, Paulo Rangel, olhe que não: as diferenças são enormes e evidentes.
Mais ou menos assim: a energia desarmante do bem, de um lado, contra a experimentada duplicidade do outro.