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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um filme magnífico





Fui ver o Ágora por mero acaso, já que não havia lugares para a minha primeira escolha e também porque - pormenor importante -, começava a uma hora civilizada (22.30).
O filme apanhou-me literalmente desprevenida, a tal ponto fui surpreendida pela inesperada qualidade do argumento, da fotografia, dos cenários e actores, e ainda, muito particularmente, pelo lastro crítico que encerra.
Claro, o Ágora não é daquelas películas que arrancam óscares, mas das quais saímos tantas vezes a trocar banalidades ou monossílabos, a cabeça já invadida pelas preocupações da agenda de vida que se segue.
Não, este filme muito provavelmente não arrancará estatuetas, mas deixa-nos a debater, coisa inesperada num filme histórico, que apenas contamos que nos entretenha pelas reconstituições. Quanto ao debate, pode ir muito além da simples questão do fundamentalismo religioso, a que o filme está longe de ficar reduzido.

Rendida a Amenábar - que, assim que me lembre, só conhecia de outro bom filme, The Others -, espreitei posteriormente as críticas e descubro sem espanto que as opiniões se dividem sobre esta produção. Eu alinho pelo lado dos que aplaudem. É uma obra a não perder porque é magnífica em muitos aspectos (e não só pelos que justificam o orçamento grandioso de 50 milhões de dólares). E que além disso não deixa expectativas em branco (salvo, talvez - dizem -, quanto aos ingredientes românticos, justamente os mais comerciais).

Destaque final inevitável para as figuras e actores que realmente perduram para além do ecrã: Rachel Weisz e Max Minghella (filho do director cinematográfico e desde já candidato a um dos meus absolut musts...).
Ela, encarnando a personagem real da filósofa Hypatia e ele enquanto Davus, um escravo, depois liberto, que passa a ser mais um soldado vendido à milícia cristã.

Na sala, o tempo passa sem darmos conta: muita acção, emoções inevitáveis e alguma agitação intelectual face às questões que nos deixa entre mãos e lhe retiram a pretensa qualidade de filme histórico.
Por muitíssimas razões, o Ágora é um filme sobre o homem actual.