pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: No 4 de Julho português

domingo, 5 de julho de 2009

No 4 de Julho português



As cidades são vulneráveis.
Perdem identidade.
A coisa começa-nos com os complexos. Cresce com os anticorpos de afirmação. Acentua-se num egoísmo feroz. Congela num sentimento snobe de não-pertença.

Queremos lá saber dela...

O mau governo do burgo trabalha as consequências.
É parcial e desune, não inspira ninguém.

O bom governo restaura a alma. Em gestos simples, como os dos afectos.
Não finge coesão. Mas contagia.

Ontem, na belíssima nova sala do Museu Nacional Machado de Castro, Maria Helena da Rocha Pereira recebeu a medalha de ouro da cidade de Coimbra, anos depois de ter sido já distinguida pelo Presidente da República com a Grã Cruz da Ordem Militar de San’Tiago da Espada e acumulado outros galardões de grande relevo nacional.
A primeira mulher doutorada numa faculdade portuguesa - que dá o nome, ela própria, a um prémio atribuído em sua homenagem -, grande figura das letras portuguesas e europeias, foi agora lembrada pela sua cidade.

Simples, elementar.
– Como é que ninguém acordara antes para isto?

O caloroso e interminável aplauso e a sua alegria genuína traduziram tudo quanto havia a dizer sobre o papel insubstituível da identidade local.
O cosmopolitismo, o verdadeiro, o mental, começa em casa de cada um, tratando bem - e tratando de ver bem - os nossos.
Mas julgamos que não.

Nos seus impecáveis 84 anos, bem ancorados no mundo real, a classicista dizia aqui há tempos:
“As raízes da cultura europeia estão na Grécia e em Roma, que depois as difundiu, e é nesse sentido que me agrada que se chame a atenção para estes assuntos. É uma falha grave que o Tratado de Lisboa omita qualquer referência a estas raízes”