
O caso Maria João Pires tem muito que se lhe diga. Se quisermos.
De um lado, ouvem-se as vozes lamentosas do lobby da cultura (as do costume).
São sempre os mesmos, quem quiser que os compre.
Do outro lado, ouvem-se as vozes rabugentas e irritadas dos que têm mais que fazer.
São a maioria.
E são, realmente, o Portugal verdadeiro, onde tudo o que diz respeito à cultura é passado a pente grosso, e basta.
Aqui, a matéria merece, usualmente, dois níveis sucessivos de percepção.
Primeiro, vem 'o olho noveleiro': o da estória, dos acessos de mimo, das extravagâncias egoístas e dos bizarros ataques de 'prima-donnas' em geral, para quem não há pachorra.
Depois, vem o lado 'entendido', que vai curto e grosso ao fundo da questão, com alma empedernida de inspector de finanças. É a hora do veredicto frio e categórico, saído do súbito gestor iluminado que mora em cada português, quando a coisa não lhe toca por aí além.
É isso mesmo.
- O que tem o cidadão a ver com as queixinhas da pianista? Por acaso o assunto pertence-lhes?
- Temos pena, mas não! Peremptoriamente, não.
Se virmos bem, nem os opinadores de serviço parecem ver mais do que o nariz alcança.
E isso só significa que não conseguem encontrar no caso qualquer relevância estadística.
Exactamente.
Não há vozes políticas na cultura.
- Mas Portugal nunca mais tem remédio?!
De um lado, ouvem-se as vozes lamentosas do lobby da cultura (as do costume).
São sempre os mesmos, quem quiser que os compre.
Do outro lado, ouvem-se as vozes rabugentas e irritadas dos que têm mais que fazer.
São a maioria.
E são, realmente, o Portugal verdadeiro, onde tudo o que diz respeito à cultura é passado a pente grosso, e basta.
Aqui, a matéria merece, usualmente, dois níveis sucessivos de percepção.
Primeiro, vem 'o olho noveleiro': o da estória, dos acessos de mimo, das extravagâncias egoístas e dos bizarros ataques de 'prima-donnas' em geral, para quem não há pachorra.
Depois, vem o lado 'entendido', que vai curto e grosso ao fundo da questão, com alma empedernida de inspector de finanças. É a hora do veredicto frio e categórico, saído do súbito gestor iluminado que mora em cada português, quando a coisa não lhe toca por aí além.
É isso mesmo.
- O que tem o cidadão a ver com as queixinhas da pianista? Por acaso o assunto pertence-lhes?
- Temos pena, mas não! Peremptoriamente, não.
Se virmos bem, nem os opinadores de serviço parecem ver mais do que o nariz alcança.
E isso só significa que não conseguem encontrar no caso qualquer relevância estadística.
Exactamente.
Não há vozes políticas na cultura.
- Mas Portugal nunca mais tem remédio?!