pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Não há compêndios, há escolhas

domingo, 3 de maio de 2009

Não há compêndios, há escolhas






























Nem a propósito,
vai para aí uma escaramuça por causa do Giuseppe & Joaquim.
Em que, francamente, nem me parece que o 'cronista' use de inconsistência ou de crítica fácil.

(- Terá a vítima reclamado por escrito?)


Para mim, o G&J prima por ser, no mínimo, uma alternativa apetecível nesta miserável terra, ainda que algo pretensioso. E no máximo, um restaurante que serve bem, com simpatia e solicitude para encontrar soluções numa qualquer indecisão, num hipotético azar ou num eventual detalhe de certo prato dos nossos caprichos.

Em dia de enchente, como noutros locais, claro que é fácil detectar notas falsas e desafinação.
E está bem, já sei que são justamente essas as condições ideais para o teste de qualidade!
- Mas também quem quer lá ir em dia não?
Já lá estive assim, mas só me lembro de nos termos incomodado pela falta de ambiente para conversar. O que, quando já se está em fase de café final, pode ser resolvido com uma fuga para o amplo e cosy bar do andar de cima.

Quanto aos demais, também nunca são perfeitos (nem mesmo os restaurantes com estrelas no Guia Michelin, e já por cá houve dois).
O critério, portanto, é escolher conforme as prioridades que estabelecemos e a ordem de importância que damos aos vários parâmetros em causa.
Nem tudo é culpa dos restaurantes...
(quem nos manda ir a certos sítios?)

Eu, por exemplo:
- não gosto de “mecas” (restaurantes com brand recente ou com de hordas de gente), tal como não gosto de sítios desertos
- prefiro um banco de pau a uma cadeira pindérica de veludo, e não suporto aqueles sítios onde tudo faz eco e as conversas se convertem num mega-telejornal
- detesto sítios pouco limpos, quer sejam de brocado ou de cal branca , e prefiro um décor com bom gosto à melhor das iguarias
- não gosto de comer mal e aprecio sobretudo uma boa carta de vinhos
- não tolero empregados de trombas ou demasiado joviais, mas gosto de um serviço discreto e eficiente, seja ele nas ruas da baixinha ou na Quinta das Lágrimas
- odeio ser explorada, mas sei que certos pacotes de agrados se pagam
- detesto sítios com televisão, salvo se for resguardada
- gosto e música ao vivo ou em fundo, se for discreta (excepção feita às casas de fados) e bem escolhida (ao piano ou em gravação, desde que não seja o strangers in the night e afins)


Há alturas para tudo (desde o perfil de convivas, ao estado da bolsa e ao nosso humor…)

Mas sinto prazer e tranquilidade
-no Dona Xêpa, no Gengibre, no G&J, no Zé Manel dos Ossos ou nas Lágrimas
-no Mamma Mia perto dos Salgados, no Cletonina da Rocha ou no Caixote em Olhos de Água, mesmo em cima da praia
-num ou noutro que há no Porto, à Ribeira ou à Foz velha, em frente ao Douro, por terras de Sophia
-no Senhor Vinho, em Lisboa, a ouvir a Aldina Duarte, e à tarde nos Jardins do Museu de Arte Antiga, com bom tempo; tal como numa certa esplanada da Graça, ou até, em dias atípicos, no Chapitô; para além de outros menos óbvios das Docas e do Bairro Alto, incluindo, claro, em raras mas gloriosas noites, o veterano e inalterável Papa-Açorda, que vale sempre a pena.
- no Abade de Priscos, em Braga, e no Pedra Furada, em Barcelos
- no Camões (uma valente tasca) em Vila Nova da Baronia (Alvito) e um sem número de outros, incontáveis, porque é Alentejo.
- no Josefa de Óbidos, com digestão no Montez ou no Troca-Tintos (e se for por aqui, qualquer coisa me serve, mesmo comer sentada no chão, porque Óbidos me tira de mim)

Tudo menos
-o Itália, no parque, ao pé do rio (salvo se for um dia sufocante e não nos importarmos de passar fome).
-o D. Luís, vista a mais, vista a menos
-o Palace do Bussaco, excepto se for na varanda e se redimir pela garrafeira inigualável e a conversa "neo" (-qualquer coisa).
- o intrujão do Ilustre Casa de Ramiro, em Óbidos, décor a mais, décor a menos, certo mesmo é o esbulho.
- e o detestável Musicais , no Jardim do Tabaco, onde vivi uma cena memorável de recusa de reclamação escrita, nas barbas impávidas do dono, um tal Mico ex-cantor que agora emigrou para a Figueira, terra de boas gentes e que comem de tudo.