pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Modigliani & Vasco Gonçalves

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Modigliani & Vasco Gonçalves






É um gosto tão forte que se colou à pele.
(Nem me lembrava de lhe fazer a ficha).
- Porque será? - Não tem explicação.
Desprezo manuais de gosto, que não sigo.
Por isso sei muito bem que Modigliani é muito melhor do que outros monstros sagrados da pintura. Muito melhor mesmo.
E seguramente igual a Ticiano, Chagall, Velasquez, Bosch, Millais, Vermeer, Rembrandt, Dalí, Nuno Gonçalves ... e um punhado de outros que povoam, generosos, carentes, divertidos, as salas da minha galeria imaginária.

Mas a culpa toda é dos conturbados tempos do (soit disant General) Vasco Gonçalves.

- Não foi ele quem instalou o terror nas famílias da burguesia honesta portuguesa?
Ora pois! Vai daí, aproveitei a momentânea distracção do jugo parental, convencendo-o de que para uma jeune fille rangée, nada pior do que entregar-se ao vício proibido do ócio. E ficar sujeita ao risco de algum delírio de intelectualidade (do género alinhar nas ligas internacionalistas ou qualquer outro novo mundo maravilhoso, forrado a livros, noites brancas, haxe, ácidos e aroma de patchoully, eu lembro-me...).
E assim foi: carta verde, dezassete anos, rumo à ville des lumières. Tanto tempo quanto os vinte contos da praxe conseguissem render.
Inesquecíveis meses.
And did I got a souvenir in Paris?
Muitos, pois claro... E além de outros, muito meus, ficou para sempre esta monomania de Modigliani.
E de Rodin.
Eram horas e dias à solta pelos museus, revisitados até à náusea.
A par de umas aulas bizarras, as fantásticas pechinchas de rua, os Puces, a casa do Marais, a revelação das FNAC, a céleri, as truffes e o diabolo menthe, os cadernos pautados, fantásticos, do Gibert Jeune, os concertos espontâneos no Boul Mich, alguns velhos amigos , muitos novos conhecidos e uma agenda interminável de endereços.

Portanto, vendo bem, o celerado despedaçou o país, deu-nos cabo do futuro, mas se calhar devo-lhe esta...