pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: É só mais um, apenas isso

quinta-feira, 28 de maio de 2009

É só mais um, apenas isso





Irra
, só encostado à parede é que esta sanguessuga largou o hospedeiro!


Sempre com o seu ar blasé, poseur e toda a demais artilharia de galicismos capazes de exprimir aquela específica presunção, aquela afectação simulada, que arvora como se o mundo inteiro lhe devesse. E mais: o importunasse por nada.

Ainda bem.
Confesso-me aliviada, enquanto cidadã.


Dias Loureiro pode até ter tido as suas virtudes como homem público, mas a ninguém passou despercebido o seu desinteresse, tão evidente a partir de certa altura, pelo lado missionário da vida política.
Várias vezes apontado como possível candidato a nº1 do PSD, na era pós-Cavaco, sempre cortou cerce qualquer expectativa desse género, afirmando-se um homem vocacionado para outros destinos.
Aliás, vejo-lhe aqui o seu único assomo de probidade incontestável: - viveu da política, mas ao menos não fingiu querer ser o salvador nacional. Cedo se resguardou da tentação fácil do estadismo, aliás, menos rentável no imediato do que a opção de ser um gestor de interesses públicos em regime privado.


Quem o conheceu ou se lembra dele aqui pelo burgo – desde os tempos de obscuro advogado alinhado no MES, até ao acelerado percurso de aburguesamento utilitário, sem ponta de ideal -, nunca cessou de espantar-se com a sua meteórica ascensão lisboeta, escudada em alavancas invisíveis e nenhumas conhecidas retribuições de monta.
As historietas, em que nós, os portugueses, somos pródigos, não deixavam de ir e voltar, a cada viagem do alfa e o seu lote apreciável de políticos locais exilados em Lisboa: - casa sumptuosa na linha, recheio milionário em pintura e móveis, golpes de cintura e aptidão socialite de primeira água, e toda uma série de pequenos detalhes que todo o cidadão tem direito a manter na reserva.
Os anos 90 em todo o seu esplendor!

Palpita-me que por debaixo do seu ar emproado, deve ter sido, inteligentemente, um homem de fretes voluntários e serviçais para com muita gente, no local certo (o meio do poder) e na hora certa (sempre que foi preciso). Essa foi sempre a minha impressão.
Em suma, nada que não saibamos: Dias Loureiro ambicionou muito mais do que a mera ribalta da política, limitada, curta, sem espaço para os seus saltos de lince e demasiado exposta para as suas conveniências.

Do filho de lojista em Aguiar da Beira, bem no país profundo; ou do MES alinhado, no tempo adequado; já só sobram os 'esses' sibilados, que traem para sempre as origens profundas de terras de Viriato.

Quanto ao resto, Dias Loureiro é apenas mais um dandy catita, um penetra da alta finaça, finalmente oficializado numa lista enorme de casos como o de Sócrates (com o Freeport e outros que hão-de vir); Jorge Coelho e as suas ligações perigosas ainda indeterminadas; as estranhas origens da fortuna da família Soares e os diamantes de Angola; etc, etc, etc.


Naquela época passavam incólumes pelas malhas do ar do tempo e dos costumes.
O que será que mudou?
Não estou segura.