pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: GENÉRICOS - Nada parece o que é?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

GENÉRICOS - Nada parece o que é?




Sem ter qualquer interesse directo ou indirecto na matéria, confesso que confio bastante mais nos médicos, em geral, do que em João Cordeiro, da ANF.

A desconfiança nacional costuma fixar-se nos primeiros, mas o facto é que as farmácias são dos negócios mais lucrativos que há no mercado, arrecadando lucros astronómicos.
João Cordeiro sabe bem disso, uma vez que não possui uma, mas várias (e mais do que possa pensar-se à primeira vista).

- Mas então, afinal, quem retirará realmente mais proveito dos negócios-satélite da saúde medicamentosa?
-A Apifarma? -A ANF? - Ou os sempiternos suspeitos?

Os médicos são claramente quem parece possuir o domínio da situação, na qualidade de prescritores. E, à vista desarmada, o processo de escolha terapêutica começa por aí.
Entretanto, que papel tem realmente a indústria farmacêutica, entidade relativamente obscura para a opinião pública? E as farmácias, que desvelada e prestativamente 'aviam' o receituário, sempre alerta para as necessidades do doente e aparentando ser um elo meramente passivo na cadeia da selecção dos medicamentos?

Num recente programa televisivo, João Cordeiro atravessou-se e, 'corajosamente', fez umas tantas propostas provocatórias ao bastonário Pedro Nunes, seguidas de certas revelações ao público, proferidas com ar de quem solta à luz do dia apenas algumas lascas de um iceberg comprometedor.
O certo é que no ar ficou aquela suspeita fundada de que estaria nas suas mãos denunciar presumíveis segredos submersos, capazes de condenar à desgraça o glamoroso Titanic da Ordem dos Médicos e dos seus associados, pelos piores motivos.

Pedro Nunes e a Ordem dos Médicos não perderam tempo e aceitaram a dita proposta, inteligentemente.
Agora, decorrerá um escrutínio de opinião junto dos médicos que, naturalmente, só não sufragarão completamente a ideia se motivos técnico-científicos, relacionados com as suas próprias guidelines de boa prática profissional, o desaconselharem em algumas circunstâncias.

Sei que estas situações existem e não poucas vezes.
Razão pela qual, conhecendo a total independência técnica que o estatuto médico confere aos seus agentes, me considero, juro, pela minha saúde, muito tranquila.
Afinal, na nossa ignorância, alguém tem de proteger-nos das cortinas de fumo: a selva empresarial com pele-de-Cordeiro e também o Estado, com as suas pressurosas mãos de Pilatos.


O saldo desta questão, para mim, já é claro como água:

- A Ordem dos Médicos foi desassombrada e apurou a ideia. Mas mal ponha em causa, aqui e acolá, a arquitectura do plano, a percepção que reinará entre nós será a da confiança técnica, ou serão as suspeitas do costume?

- A ANF de João Cordeiro e dos seus associados continuará sempre a arrecadar. Parece que não?
Pensemos então no que resultará da massificação dos genéricos, a médio prazo, segundo a fórmula proposta...

Ah! E já agora... à vossa saúde!