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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Leituras




«Não quis o Autor da natureza que a mulher se contasse entre os bens móveis. O edifício não se move do lugar onde o puseram; e assim deve ser a mulher; tão amiga de estar em casa, como se a mulher e a casa foram a mesma coisa.»



Quem escreve assim é tido na conta de um bom psicólogo feminino pelos estudiosos.
Ao dedicar muitas das suas prédicas à condição da mulher, Vieira não se cansou de denunciar a sua natureza ambivalente, capaz do melhor e do pior.
Segundo ele, «tão vagabunda nos olhos como nos passos», a mulher é atreita a terríveis defeitos como «a ambição, a curiosidade, a vaidade, o egoísmo» e até - aqui neste ponto o Francisco José Viegas também concorda... -, presas de «um apetite desmedido»!
A verdade, contudo, é que Vieira se serviu desta denúncia das 'perversidades femininas', para celebrar também o seu oposto, através do exemplo espiritual das mulheres capazes de vencer a sua natureza (!).
E acabou, assim, por declarar revolucionariamente uma carta de atributos cívicos das mulheres, e declinar as bases de um status que não era senão, há 400 anos, o de uma cidadania feminina.

O meu banquete de ano novo... "O Padre António Vieira e as Mulheres – O mito barroco do universo feminino, Editorial Campo das Letras, 2008 .