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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Eyes wide opened




Eis Agosto! O meu separador anual…
Entre Agosto e Setembro nunca sei qual prefiro. Mas estes são, em definitivo, os meus meses.
Em Agosto: livre, verdadeiramente livre, sem os pesos, as fronteiras, os traços contínuos, os bloqueadores de velocidade desta vida. Tranquilamente livre e minha senhora de mim, parafraseando Teresa Horta – e sem mais afinidades além do que a expressão que lhe roubo.
O Tempo é meu, a vida é minha, não há âncoras – entre as que são doces e as que são amargas -, que nos puxem para o fundo, forçando a paragem. O porto seguro somos nós, e essa fateixa é leve como o vento, tão anatómica como um colchão de penas.
Tranquilamente livres e de novo singulares para tudo: até para rever (em alta) as nossas decisões.
Faço aquilo, não faço; vou-me embora, não vou; corto o cordão dos filhos, não corto; será Porto, ou Lisboa; será sul, será norte; espelho meu, minha bússola, diz-me se no mundo há alguém mais corajoso do que eu (que eu quero conhecer!)

Em Setembro: aqui, o verão ainda não nos abandonou. E ao reino da água, que nos preencheu os dias (a minha água), sucede uma pulsão qualquer, telúrica, que nos devolve à terra, acordados à força, não sei por quê – ignoro -, talvez por uma energia parecida com os cheiros explosivos da flora toda em mudança. Há uma glória no ar, um rasgo génico, e a lucidez tremenda que nos serenou Agosto dá lugar a um irresistível impulso de fazer, no matter how, it only matters now.
Setembro é bom, é muito bom!

Talvez seja o eco ancestral de um tempo de vindimas, de um São Miguel de contas ajustadas, que bom é receber! E planear, e investir, e acreditar. Fica-se assim, um bocadinho parvo e imparável… Sem pensar nas armadilhas do depois, inverno adentro, quando nos roubarem as delícias do bom tempo e soubermos por fim a terrível verdade das verdades:
Teremos nós, ou não, obedecido à bússola; condenado à morte os receios atávicos; e entrado no futuro sem repetir os erros, sem arranjar presas que não queremos, sem criar mais do mesmo.