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sábado, 16 de janeiro de 2010

Simulambuco



A propósito destes incidentes e da provação de um povo a quem a descolonização exemplar retirou direitos históricos - concedidos quando Portugal era uma cultura civilizadora - seria impossível não me lembrar de D. Duarte de Bragança, uma voz a pregar no deserto há décadas, como em seu dia com Timor.
Convencionou-se não dar a mínima importância ao que ele diz.
E pior: como não tem os trunfos de uma Lady Di, dado a paparazzi e frivolidades, estabeleceu-se que o que ele diz não se escreve, tal como aconteceu com Juan Carlos, o tonto que depois veio mesmo a ser Rei de Espanha.
Mas D. Duarte é um eterno pragmático e indisciplinado: diz as verdades sem temer represálias, ainda que a sua agenda de preocupações não seja a que nos entretém os dias.
Alerta para o problema de Cabinda há muito tempo, para o seu direito à autodeterminação, para a sua unidade cultural completamente distinta.
E denuncia sem peias o que é evidente: o escabroso jogo de interesses petrolíferos que se joga neste abuso de fronteiras cometido por Angola.

Faz sentido? Faz todo. Para ele a honra é um conceito vivido e existe uma coisa chamada palavra.
Palavra de Portugal: que se obrigou
a fazer manter a integridade dos territórios de Cabinda e a respeitar e fazer respeitar os usos e costumes do país.

Foi em 1885, no Tratado de Simulambuco.

- Consegue imaginar-se o que faria Angola sem os 70% de crude que representa a produção de Cabinda no todo nacional?

Talvez entrasse na ordem.