pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Leituras

domingo, 3 de janeiro de 2010

Leituras


Todos os anos, à medida que vou preparando as compras de Natal, em que incluo sempre muitos livros, não resisto à tentação de romper o orçamento e ir acrescentando ao 'lote do dia', em cada visita às livrarias, um pequeno extra com fins oficialmente preventivos. Apenas para o caso de me ter falhado alguém na lista, ou até mesmo de aparecer um conviva inesperado na consoada. Assim nunca me apanharão desprevenida.
Como a correria é muita, quando chego a casa nem tenho tempo para me demorar a cotejar o fim provável da aquisição, e empilho-a juntamente com os outros presentes no sítio devido.
A verdade é que às vezes nem me lembro mais disso.
E é já no dia 23 ou 24, quando me atarefo a dividir os presentes pelos sacos, consoante o destino, que dou de caras com os três ou quatro livros, em pacotes supranumerários sem nome nem propósito concreto.

Nessa altura, se tudo correr de feição, os ditos extras regressam, portanto, à terra de ninguém, no canto, agora vão, das oferendas natalícias, comigo a fazer figas para que não haja sobressalto algum de última hora.
É um pequeno jogo que não premedito exactamente, em cada ano, mas que acaba por dar-me um infinito prazer.

Este Natal também não foi excepção.
Por isso, passada a confusão das festas e dos presentes, dos almoços e jantares de família, das mimalhices dos filhos, dos pais e dos irmãos, da corrida às lojas para trocar a roupa oferecida com o tamanho errado, o saleiro repetido da colecção e o livro que não interessa nem ao Menino Jesus... Depois de apagados os vestígios caóticos dos rituais festivos, bem sabemos que por tudo quanto é sítio... Passada que está, também, a pálida réplica desordeira da passagem de ano...
Aterramos merecidamente, então, em casa. Devolvida à sua santa paz. E finalmente livre para as suas pequenas revelações.

Comecei hoje pela minha primeira presa.




Uma evocação deliciosa, imprevista, para ser lida com todos os vagares do mundo.
Para quem gosta de Sophia, e para quem tem um fraco, como eu, por biografias e obras afins, estes momentos são de puro deleite, que começam logo, aliás, pelo prefácio: um levantar do pano cuidado, sentido e intimista, na mão perfeita de Maria Velho da Costa.

De mim para mim, foi um presente em cheio.
Mas, pensando bem, devo talvez um enorme obrigada ao hipotético alguém que ficou lesado com este meu pequeno deslize batoteiro...