pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Uma 'pequena' Aïda

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Uma 'pequena' Aïda


Aïda, sim.
Desta vez sem Domingo, sem Callas, nem herdeiros legitimados de Birgit Nilsson ou Franco Corelli. Mas com a Companhia de Kazan.
- Vai-se, não é?
Afinal não estamos em Viena, nem em Roma, nem sequer num teatrinho em Itália, daqueles que nos podem revelar as maiores surpresas.
É Portugal.
Logo, vai-se. Depois critica-se.

À entrada, faz-se vista grossa a umas tantas senhoras com vestidos de soirée, mordendo o riso.
Enfim...temos de olhar ao lado benigno da coisa: honram à sua maneira a categoria artística a que a exibição pertence e arejam as fatiotas, que de outra maneira mirrariam no roupeiro...
Imaginam-se talvez na Metropolitan...boa onda!
Sentamo-nos nos lugares da ponta da 1ª fila do camarote.
Não está mal. Sempre temos um poiso para nos debruçar e pousar os binóculos.
Como em situações anteriores, consciencializamos pela enésima vez as limitações do espaço, que condicionam logo o desempenho de cantores e músicos: um palco muito pequeno, uma má acústica e um coito mínimo para a orquestra, onde se devia literalmente sufocar. Nem sequer percebi como é que os metais não abalroavam os violinos da frente (esteve perto disso!)
E finalmente, então, durante os 4 actos, ouvimos.
Uma Aïda dotada, um Radamés enervante (tamanha a falta de expressão), e uma Amneris pouco egípcia, com traços chapados de mongol, a atestar a origem russa oriental. A mesma da própria Companhia sedeada em Qazan (ou Kazan) capital da Tartária.

Figurantes, apenas uns 50: simplesmente os que couberam! (que diferença...)

Razões suficientes, portanto.
Para nos impedir de exigir demais e, sobretudo, nos coibir de estabelecer comparações.

Por fim descobrimos que havia, afinal, uma afinidade remota entre o meu pequeno teatro anfitrião e a troupe que invadira o palco (sem esquecer a outra, que sobrevivera no understage...).
O TAGV recebera o Djalil Teatro Académico de Ópera e Ballet.
Conheciam-se, portanto, sem nunca se terem visto.
Só diferiam na geografia, na main art e ... nos subsídios.
Porque o Teatro Académico de Kazan nunca deixou de ser fortemente apoiado pelo governo da Tartária, sobrevivendo incólume a todas as convulsões políticas e económicas do passado recente da Rússia.

É obra!