pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: Sobre o amor tranquilo

terça-feira, 4 de abril de 2006

Sobre o amor tranquilo

Ou o amor tranquilo é um amor imberbe, ingénuo e acidental
(e nessa medida é um perfeito amor cego).
Ou então é um amor verdadeiro, que merece esse nome. Foi escolhido e é inteligente, sábio e experimentado.
No primeiro caso, só por sorte (ou azar) resiste à vida.
No segundo caso, pode ser um sentimento de ferro (ah, se pode!)
O problema é que esta evidência tem armadilhas terríveis e muito óbvias:
- primeiro, porque tranquilidade é um atributo que a maioria julga morno, pobre, frouxo e desinventivo para algo tão empolgante como o amor. Quando a verdade é que é um estado tónico , que permite gozar infinita e repetidamente um privilégio.
- segundo, porque, como o amor vive da recicprocidade e tem de ser sustentadas por 2 pessoas... é preciso que a percepção da vantagem do amor tranquilo seja igual entre as partes. Ora, também em matéria de recursos perceptivos é difícil encontrar par... (mais ainda do que na ‘química’ e nas emoções).

Entendamo-nos: para manter o lume não é preciso ardermos nele. Basta ser frio quanto às coisas certas e no resto… deleitar-mo-nos a consumir (apenas) as energias renováveis...
É certo que para tudo é preciso sorte.
Mas como noutras coisas da vida em geral, também no amor ninguém é insubstituível (pelo menos enquanto se mantém em pleno o poder de escolher e o de ser escolhido). Por isso, um dos mitos em que de todo não acredito é que exista essa coisa dos amores predestinados e da única metade certa. Ora, ora!

Também não vejo mal nenhum em se ser normativo nestas e noutras matérias. A norma não é um exercício maléfico ou prepotente, desligado da vida. Pelo contrário, é o resultado do conhecimento apriorístico. Própria do ser humano.