Já se sabia há muito.
Quem lhe ouviu o discurso de posse, há pouco mais de um ano, adivinhou.
Lembro-me bem. E não era o desânimo que sobressaía… Pelo contrário, era a determinação. A firmeza na guerra aos que Nos fazem guerra.
Mas era já nítido, no seu calmo e longo enunciado das desfeitas sistematicamente armadas pelo poder central, o cansaço, a perda de paciência, a exasperação perante o boicote permanente a Coimbra.
Rui Rio queixar-se-á do mesmo.
Mas parte de outra base, bem diferente, porque não sucedeu a quase 20 anos de imobilismo e falta de visão, sustentados na festa permanente das bandeiras redentoras da esquerda pacóvia e abrilista.
Carlos Encarnação só não é aplaudido por dois tipos de gente: esses tais, os da oposição idiota; e os laranjinhas do aparelho local, de vistas curtas, auto-suficientes e eternos deslumbrados com as maravilhas do poder do voto: - quando calha, promessa aqui e favorzito acolá, não é que a coisa funciona mesmo e … ei-los que podem sair do anonimato inexorável a que as suas pardas vidas condenavam?
Não. Este Presidente não brincou em serviço. Mas são demasiados projectos contrariados à minúcia, demasiados mangas-de-alpaca a parasitar o Terreiro do Paço, demasiados esforços ignorados com a arrogância de quem nem deve, sequer, explicações.
Tenho pena. Carlos Encarnação não é um político qualquer, justamente porque não é uma qualquer pessoa. Tem uma fibra rara de civilidade, genuína e intrínseca. E está muitos furos acima da chicana dos pequeninos autarcas que constituem o artesanato foleiro português.
Pelo meio, leva a prova de que se pode trabalhar por uma terra com a verdadeira força da ideia democrática: quis partilhar o poder com um vereador do PC, convidando-o para um pelouro permanente durante 8 anos. E trabalhou, e funcionou, e - ao dividir - cresceu, sem complexos de Rei-Sol.
Um homem tem pleno direito ao descanso.
E a perder a paciência.