pR6nitSNH08tQNpWPA5eZO9DQjdlskzknDPg03Ak5Q0=all-head-content'/> QUARTIER LATIN: março 2006

quinta-feira, 30 de março de 2006

A tão portuguesa arte da competição negativa





Isto de chorarmos o absentismo do Estado e santificarmos a iniciativa individual é um vício tipicamente português.

Uma coisa não tem a ver com a outra. Não podemos estar sempre à espera que o Estado resolva tudo, perante a passividade crítica dos cidadãos.
Porque é que o empenho há-de ser uma heroicidade? Porque é que o nosso envolvimento "gratuito" há-de ser uma excepção à regra?
Porque é que havemos de exigir ao Estado (que afinal somos nós) mais "alma" do que exigimos de nós próprios?
E sobretudo porque é que achamos que as nossas prestações individuais estão sistematicamente no contraponto das colectivas, como se competissem negativamente entre si?
Não se trata de desculpar as falhas dos governos!
Trata-se só de não canonizar propriamente as prestações sociais desinteressadas de cada um de nós.
Noutras geografias, onde o Estado funciona, não passa pela cabeça dos cidadãos exigir tudo dele, ou deixar de sentir responsabilidade por uma questão colectiva que está ao seu alcance resolver.

Voilà!